Minha mãe, Eu e o Marco Aurélio | #4
Decidi escrever como um imperador estoico: meditar sobre o que aprendi com os meus — e honrá-los com gratidão.
Hoje eu queria compartilhar uma ideia com vocês, que também tem a ver com a abordagem 360. Aliás, se você ainda não sabe o que é essa abordagem, eu expliquei em outro conteúdo aqui no canal — depois dá uma olhada, vou deixar o link no final deste post.
Então, o que eu queria fazer?
Tive uma sacada: usar as Meditações de Marco Aurélio como inspiração. Ele escreveu reflexões para ele mesmo — não era para ser um livro, mas acabou virando. E aí me veio a ideia: por que não fazer as minhas próprias meditações? No meu formato, no meu tempo.
Acho que pode ser uma ferramenta de autoanálise, de desenvolvimento pessoal — para mim, e quem sabe, mais adiante, também para outras pessoas. Porque, se a gente for pensar, estamos sempre no elo do meio: tem os nossos antepassados para trás e os que virão depois. O presente é esse elo central. E quando a gente ressignifica algo, quando perdoa, quando entende… a gente se liberta. E pode, de alguma forma, libertar quem veio antes — e preparar um caminho melhor para quem vem depois.
Talvez, sem perceber, nossos pais ou avós carreguem culpas. Culpa por não ter acertado em algum momento, por algo que ficou mal resolvido… E às vezes, uma carta, um agradecimento, uma palavra, pode destravar tudo. Pode curar mais do que a gente imagina.
Como agora está chegando o Dia das Mães (hoje é 6 de maio), pensei: vou começar escrevendo para minha mãe. Assim como Marco Aurélio faz no livro 1: “Do meu bisavô, aprendi a boa moral; da minha mãe, a piedade, a caridade…”. Ele vai citando o que aprendeu com cada pessoa. Depois agradece. É simples, mas profundo.
Então vou seguir esse modelo. Escrever: “Da minha mãe, aprendi isso e aquilo. Do meu pai, tal coisa. Dos meus avós…”. E assim por diante. Mas não vou só listar o que aprendi. Em cada meditação, também vou agradecer — de verdade — por aquilo que mais me tocou, que marcou minha vida de alguma forma. Gratidão mesmo, com presença e intenção.
Isso vai virar o que estou chamando de minhas meditações — entre aspas. Um jeito de homenagear, mas também de refletir. Um jeito de olhar para trás, e também para dentro.
A estrutura ajuda. E tem uma frase do T.S. Eliot que encaixa perfeitamente nisso: “Quando forçada a trabalhar em um formato restrito, a imaginação é forçada ao máximo — e produzirá as ideias mais ricas. Com total liberdade, é provável que o trabalho perca seu foco.” É isso. O formato não limita, ele canaliza.
Engraçado que eu queria escrever algo pro meu pai há anos e nunca consegui. Justamente porque é importante demais, e parece que trava. Mas agora, com esse formato, sinto que vai. Vai sair de forma simples, do jeito que tem que ser.
Então, domingo que vem começo pela minha mãe. E assim vou construindo, aos poucos, esse “livro” — entre aspas — das minhas meditações. Um espaço de reflexão, de agradecimento, de desbloqueio. Pode ser que me transforme. Pode ser que libere algo neles também.
No fim, tudo gira em torno de amor e gratidão. Amor próprio, amor pelos outros. E gratidão por tudo o que a vida nos trouxe — até o que a gente não entendeu direito na hora.
Tem uma frase frequentemente atribuída a Jean-Paul Sartre, mas que também se alinha profundamente ao pensamento de Viktor Frankl: “Você não é o que fizeram com você, você é o que faz com o que fizeram com você.” E é exatamente isso. A gente não escolhe tudo o que vive, mas sempre pode escolher o que fazer com aquilo que viveu.
Talvez eu tenha falado demais, juntei várias coisas… mas queria dividir isso com vocês. E quem sabe, mais para frente, eu consiga transformar isso numa ferramenta — para quem quiser usar esse modelo para refletir, se entender melhor, colocar em palavras o que fica preso por dentro.
É isso. Um grande beijo.